Em Barry, há muitos psicopatas

A etapa final de Barry é sobre encerramentos, sobre novos começos e transformações. Dentro do que no universo narcisista que cerca nosso assassino favorito, Barry Berkman (Bill Hader) permite. Exato, não há muito espaço.

Enquanto Barry escapa da prisão, ele parece correr mais risco nas ruas do que atrás das grades. Se ele paga por seus crimes, todos os outros também. Se há algo que a série está anos à frente de qualquer outra no momento é no roteiro. Brilhante é o mínimo, surpreendente é algo constante. Pode ser um carro que bate no outro do nada, mas, em especial, não mostrar onde está Barry até o último segundo e ainda assim, trazer mais surpresas. Todos acham que serão os primeiros na lista de o mercenário e o pânico é crescente.

Quem não corre risco é Fuches, em sua bipolaridade obsessiva que o faz agora ser fiel à Barry, mesmo sob tortura. Ele consegue assim o respeito e a fama que almejava. Tenho tanta raiva de Fuches, que causou o caos nas vidas de tantos, que nem feliz por ele fiquei. E tem mais, só não traiu o afilhado porque efetivamente não sabe a informação de seu paradeiro.

Já Gene Cousineau (Henry Wrinkler) é outra história. Pavão e egocêntrico, vaidoso e ansioso, ele põe por terra tudo que conseguiu – prender Barry – porque não consegue mudar sua natureza. Além de o ter “traído”, deu a entrevista contando tudo (mas como se ele fosse o principal), precipitando a tragédia atual. Portanto a grande aposta é que ELE seja o primeiro da lista e com isso é isolado, mas onde não possa ser tentado a falar com ninguém. O problema é que é justamente onde Janice foi assassinada, portanto o pânico multiplica, provocando o inesperado: ao ver uma sombra na porta, Gene atira antes de perguntar quem é, acertando justamente seu filho Leo, que estava trazendo comida.

Já Noho Hank, que mudou tanto, ganha ainda maior profundidade. Ele começou sonhando em ser o Chefão, se via como cruel mas era empático, agora é exatamente o monstro que precisava ser. Mas com alto preço. Porque teme a vingança de Barry por ter encomendado a sua morte está agindo ainda mais soturno. Cristobal não pesca o que está acontecendo até tarde demais. E é perturbador e apavorante.

Primeiro, Hank mata friamente todos os homens que estão trabalhando com eles, e quase Cristobal morre com eles. É salvo, e nós pensamos que foi Barry (Cristobal inclusive), mas foram os chechenos. Para piorar, foi um acordo de Hank com Batir e Andrei. Percebendo que será impossível ignorar as ameaças, Hank “aceitou” o acordo para comandar L.A. com o namorado, mas Cristobal se sente traído, mesmo depois de tudo que Hank passou para resgatá-lo, perdendo sua inocência no processo. O boliviano quer aquele Hank que nós amamos e a vida que aquele Hank sonhava. Mas aquele Hank, não existe mais. Hank agora é genuinamente um psicopata.

Há quatro temporadas Barry vem tentando resetar sua vida de crimes, mas agora Hank também percebe que não existe marco zero. Ele avisa ao namorado que não tem alternativa para sair, mas Cristobal insiste. Fica subentendido que o boliviano entende perfeitamente o que está acontecendo: a vida deles acabou e ele prefere sair agora. Trágico e triste.

Quem também percebe o inevitável é Sally. Ela destruiu sua vida e sua carreira por conta de sua natureza doentia, não importa seu talento. Está acabada. Ela sabe que Barry virá atrás dela e que ELE a coloca à frente de tudo. Ela, como ele, quer viver a fantasia de uma vida nova, envelhecendo juntos. É um avanço no tempo ou um delírio?

Eu ainda aposto na tragédia sendo o fim de Barry. Gene e Hank podem seguir suas vidas sem ele, mas Jim, pai de Janice, não.

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