Ninguém além de Candy Montgomery sabe o que aconteceu naquela sexta-feira, 13 de junho de 1980. Ela foi até a casa de Betty Gore, que todos tinham como sua amiga, para buscar o maiô de Alissa Gore, que estava dormindo na casa dos Montgomerys. Obviamente as duas mulheres se desentenderam e apenas Candy saiu com vida. Betty foi encontrada desfigurada na lavanderia de sua residência, depois de levar nada menos do que 41 machadadas.
A história desse crime perturbador e surpreendente ganhou livros, séries e filme, com sua versão mais recente sendo Love & Death, da HBO liberada menos de um ano depois de Candy, da Starplus. Por que duas versões de uma história tão surreal? Estamos descobrindo agora.
Candy era a perfeita dona de casa, considerada bonita para época, mas frustrada com sua vida sexual e sem emoção. Allan lidava com a profunda depressão de Betty e estava igualmente frustrado. A decisão do romance foi racional e veio de Candy, algo que já é importante ressaltar, foi sempre usado contra ela. Sua praticidade em vida também foi usada contra ela. Na época do assassinato os amantes estavam separados porque Allan queria se acertar com a esposa e eles tinham acabado de ter outro bebê. Candy parecia estar lidando com o fim do caso com a mesma calma que lidava com tudo. Então como deu 41 machadadas em Betty?

Aqui está a diferença de Love & Death de todas as versões anteriores do crime. Porque Candy é pertubadoramente lógica, e culpada, em geral a narrativa ressalta sua frieza e o fato que só confessou o crime quando pressionada pela polícia, mesmo assim, alegando que foi auto-defesa e argumentando inocência. Ao trazer a doce Elizabeth Olsen para um papel controverso e potencialmente antipático, a série da HBO já sinalizava uma diferença. Okay, Jessica Biel também tem essas qualidades, mas em Candy não pede carinho do público e reforça a revolta de como ela conseguiu se livrar da Justiça com algo que parecia premeditado.
A HBO liberou os três primeiros episódios de Love & Death juntos e agora nos dá o resto da história semanalmente. A ousadia maior é dar à versão de Candy como a linha condutora do roteiro. O elenco não se parece fisicamente com os verdadeiros, mas as palavras e os testemunhos estão fiéis, ipsis litteris, ao que ela contou no tribunal e nas sessões de hipnose.
Segundo Candy, foi Betty que trouxe o machado e a atacou, como se estivesse em transe, alegando que não deixaria ela “ficar com Allan”. Após ferir Candy no pé, a fúria “dominou ambas” e na luta física, Betty perdeu o equilíbrio e com isso também o controle da arma. Candy deu o primeiro golpe, na nuca. Paralisada com o sangue, tentou fugir, mas Betty se levantou com o machado nas mãos de novo, ignorando os pedidos de que deixasse Candy fugir. “Não posso”, respondeu. Um novo embate entre elas começou, com Betty já fraca por conta do sangue perdido, mas implacável na sua decisão de matá-la, descreveu Candy. Com puro ódio e medo, Candy conseguiu retomar o machado e dessa vez o usou freneticamente. Só parou quando perdeu a força. Dos 41 cortes dados em Betty, quarenta foram feitos com ela ainda viva.

Mesmo tendo sido ‘vítima’ de um ataque e se defendendo, o fato de que Candy tomou um banho ainda na casa, saiu dali e seguiu sua vida como se nada tivesse acontecido deixam suas intenções extremamente suspeitas. Ela conseguiu ser considerada inocente e pelo visto, a série da HBO parece querer reforçar essa versão. Ousado!
As atuações de todos está espetacular, mas será agora, na parte da prisão e do julgamento, que veremos como Elizabeth Olsen fará sua virada. Jessica Biel claramente retratou Candy com suspeita, é estranho alguém trazendo a assassina como vítima. O que faz justamente a gente querer ver mais!
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