Dream a Little Dream of Me é um clássico americano, gravado por Ella Fitzgerald e Frank Sinatra, entre outros. Escrito em 1931, ou seja, há quase 90 anos, a canção é o tema de abertura da nova série da HBO, The Undoing. Fala, obviamente, de sonhos e desejos.

Escrita por Gus Kahn, que vivia em Chicago e escrevia desde os 23 anos de idade, os créditos de suas canções eram normalmente divididos com a esposa, Grace Laboy. Gus logo se associou a compositores de peso, como George Gershwin e Johnny Mercer. “‘Dream a Little Dream’ é um bom exemplo. “Meu pai recebia a melodia das pessoas e minha mãe tovaca a música enquanto ele sentava e resmungava”, relembrou o filho Dan Kahn, anos depois.
A canção tinha sucesso relativamente restrito até 1968, quando o The Mamas e and The Papas gravou uma versão. A vocalista Cass Elliot adorava a canção e decidiu regravá-la. Venderam mais de sete milhões de cópias, quase 40 anos depois do lançamento da gravação original. Gus Khan chegou a ser considerado um dos melhores letristas dos anos 1920s, 30s e 40s, assinando It Had to Be You e Makin’ Whoopee, entre outros sucessos.
“Ele sempre tentava manter as letras simples”, explicou seu filho, Dan. “mas ele também dizia que jovens não sabiam dizer “eu te amo” por isso falava por eles em 32 notas”, explica o filho do autor.
Para os compositores da melodia, a ponte é o que faz a canção funcionar. Isso porque evita o óbvio melódico. Apesar de ter sido gravada por nomes como Nat King Cole ou Doris Day, é a versão do The Mamas and The Papas a que é considerada a definitiva.

Michelle Philips, então com apenas seis anos, conheceu um dos compositores, Fabian Andre. Vinte anos depois, em 1968, quando o grupo estava gravando um álbum, soube da morte dele. “Foi um choque”, ela lembrou depois. “Falamos dele, de sua morte e lembramos da música. Falamos,’Cass, venha aqui, cante isso'”, Michele contou. Nasceu um clássico.
A gravação virou a faixa “assinatura” de Cass por ser o que sempre quis cantar. O sonho dela era de cantar Dream a Little Dream of Me na Broadway. Diz a lenda, que ela usou essa canção em um teste para um papel que acabou indo para Barbra Streisand, de quem a partir desta data, sempre teve ciúmes.
“Barbra Streisand tem o pulmão, mas nunca conseguiria cantar a canção da mesma forma”, disse Michele. “Ela não tem a docilidade na voz como a de Cass. Pode ser que Cass não tivesse ao alcance de notas de Barbra Streisand, mas para mim sempre foi mais importante captar o significado das letras e o amor das canções, e era o que Cass fazia”, ela explica.

A canção passou a ser identificada com a cantora, que a interpretou pela última vez, em Londres, um shoe de 27 de julho de 1974. Dois dias depois morreu enquanto dormia. Tinha 32 anos. Agora está na abertura de The Undoing, da HBO.

Nicole Kidman mostrou sua habilidade vocal, pela primeira vez, em Moulin Rouge. Agradou e chegou a ser indicada ao Oscar. Afinada, flertou com a carreira de cantora, com uma pequena participação em uma faixa de Robbie Williams, Something Stupid, em 2001.

Ela foi convencida pela diretora da série, Susanne Bier, a cantar o tema da abertura. “Ela me convenceu dizendo que era um modo de, desde o começo, imbuir a narrativa com a alma de Grace, minha personagem”, explicou a atriz.
Casada com o cantor Keith Urban, por mais de 10 anos, Nicole não tentou seguir uma trajetória como cantora. Ao contrário, ela garante que só canta quando está interpretando um papel.


Na série, The Undoing, a vida de um rico casal em Nova York vira um pesadelo depois de um brutal e misterioso assassinato. O sonho cantado docemente na abertura por Kidman ganha novas cores diante da tragédia.
Veja o trailer. A série estréias hoje (25), na HBO
Por histórico, pelo menos na abertura, Nicole não deve desagradar.
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