Há 50 anos, morria Mathilde Kschessinska a bailarina que virou princesa

A história de Mathilde Kschessinska é tão fascinante que obviamente já virou filme, mas ela é mais conhecida na Rússia ou pelos amantes do balé. A bailarina de origem polonesa, que virou princesa e dançou clássicos de Marius Petipa é digna de ficção, mas é verdade.

Nascida em uma família de dançarinos poloneses, Mathilde-Marie Feliksovna Kschessinska teve uma longa vida e morreu aos 99 anos, no dia 6 de dezembro de 1971. Sua ligação com a monarquia russa começou quando ainda era jovem, foi o primeiro romance do futuro Czar Nicolai Romanov e depois se casou com um primo dele, o Grão Duque Andrei Vladimirovich, passando a ser a princesa Romanovskaya-Krasinskaya .

Seu pai, Felix e seu irmão, dançavam no Balé Imperial (com Petipa) e a jovem iniciou no mundo do balé seguindo seus passos. Embora mais conhecidos pelas danças típicas e pantomina, Mathilde foi treinada para ser uma ballerina. Sua estreia, aos 17 anos, em um pas de deux de La FIlle Mal Gardée foi vista pela família Romanov, incluindo o jovem Nicolai. Como outras de seu tempo, Mathilde ascendeu dentro e fora dos palcos também em resposta aos romances com homens influentes. No caso de Mathilde, ao encantar o futuro Czar, caiu nas graças da família real e foi conhecida como a primeira e única amante de Nicolai antes do casamento dele com a princesa Alexandra, três anos depois.

Há disputa se Mathilde de fato era talentosa, parte por conta de seu conflito pessoal com Petipa, que não concordava com sua conduta nem com o título de Prima Ballerina, alcançado devido sua relação com os Romanov. Para Petipa, Pierina Legnani era mais talentosa e por isso não criou grandes partes para a estrela russa, a quem se referia em seu diário como “pequena e maldosa porca”.


Mathilde se aproveitava de sua posição para escolher melhores papéis, noites de apresentação e figurinos, frequentemente dançando com as jóias verdadeiras que ganhava de presente. Depois de perder sua posição de favorita do príncipe, Mathilde se envolver com dois nobres simultaneamente, os duques Sergei Mikhailovich e  Andrei Vladimirovich, ambos primos e também ligados aos Romanov. ela teve um filho em 1902, Vladimir, que admitiu ter dúvida de quem era realmente seu pai.

Embora seu temperamento forte fosse conhecido, a bailarina era doce com quem queria. Tamara Karsavina era sua protegida, porém, embora mais tarde se gabasse de ter dado a primeira oportunidade à Anna Pavlova, ensinando o papel de Nikyia, em La Bayadère, reza a lenda que Mathilde (que estava grávida na época) contava com o fracasso da pupila, mas acabou criando um mito nos palcos.

Outra lenda famosa envolvendo Mathilde Kschessinskaya diz que, ao ficar enciumada que seu papel de Lise em La Fille Mal Gardée ter sido passado para  Olga Preobrajenska, a bailarina soltou galinhas vivas no palco para atrapalhar a rival em um importante solo. Olga não apenas manteve a linha, como ganhou aplausos apaixonados da platéia.

Há outra ligação forte de Mathilde Kschessinskaya com a História Russa. Por conta de sua posição e casos com a nobreza russa, a bailarina foi presenteada com uma bela casa, onde fazia bailes e recebia convidados. Na revolução de 1917, os bolcheviques invadiram a residência, tomaram todos os pertences da bailarina que ainda tentou recupetar algo na Justiça. Foi dessa casa que Lenin fez seu famoso discurso e a imagem foi imortalizada em fotos e quadros. A Mansão Kschessinska virou o quartel central dos bolcheviques e a sede do jornal Pravda. Vladimir Lenin, Josef Stalin e Grigori Zinoviev viveram e trabalharam aqui. Da varanda, Lenin fez vários discursos, incluindo o de abril de 1917, onde incitou a deposiçao do Czar.

Mathilde escapou para França, onde passou o resto de sua vida. Foi lá que se casou com Andrei Vladimirovich e passou a ser, oficialmente, uma princesa.

A dança no entanto, nunca foi abandonada. Em sua escola, aberta em 1929, passaram alunos e alunas como Margot Fonteyn, Tamara Toumanova e Maurice Béjart. Sua despedida dos palcos, aos 64 anos, foi em Londres, dançando com o Royal Ballet. Em 1960 escreveu sua autobiografia (em breve um post sobre o livro) e viveu até quase completar seu centenário. Está enterrada em Paris, ao lado do marido e do filho.

A trajetória de uma personagem tão importante foi recontada no filme Mathilde e no balé de mesmo nome.

Sua bisneta, Eleonora Sevenard mantém viva a tradição dos Kschessinskys.

Ela é hoje uma das principais solistas do Bolshoi Ballet. O talento está no DNA. Ela é apontada como uma das mais promissoras bailarinas da companhia.

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