The Last of Us estreou como possível fenômeno e já se coloca como um dos sucessos de 2023, deixando a HBO na frente de lançamento de conteúdos engajadores e emocionantes. Tratando de um apocalipse assustadoramente próximo de nós, é um The Walking Dead revisitado. Porém, a longevidade da série da Fox, com nada menos do que 11 temporadas e futuros spin-offs, é ainda mais relevante, tanto por narrativa amarrada como inovação. The Last of Us é um conteúdo sensacional, mas nada original.
Dito tudo isso, a série segue respeitosa ao jogo que fez sucesso, em ângulos e diálogos, deixando um mapa perigoso para quem não gosta de spoilers. Um click online e já sabemos o quem a seguir. No meu caso, que não me importo com isso, está longe de ser um problema, mas tira muito do suspense. Eu sei para onde estão se encaminhando e estou preparando meu coração para o temido momento.

Em um universo apocalíptico, obviamente o pior e o melhor das pessoas lidera as relações e, em geral, é o pior lado que ajuda a sobreviver. Vemos Joel Silver (Pedro Pascal), um soldado que perdeu a única no dia 1 da pandemia, que vive sempre no risco e que também ficou sem a namorada e o irmão que ainda busca com alguma esperança. Em um cenário onde não há muita chance de sobrevivência, e onde humanos atacam humanos assim como os zumbis, é questionável como ainda não preferiu encurtar sua existência, e por isso é nosso herói.


Pedro Pascal está voando no papel. Suas emoções são reveladas em pequenos gestos e estamos vendo a humanização de alguém que endureceu o coração. Bella Ramsey é boa como Ellie, mas ainda não é empática. Ellie segue o caminho oposto de Joel, nascida no cenário desolador de uma Terra em 2033, ela só conheceu dor e medo, mas tinha positividade inerente de sua juventude. Aos poucos vai entendendo como Joel se fechou.
Nada mais claro do que o lindo episódio no qual conhecemos (e nos despedimos) de Henry e Sam, os irmãos cujo destino definiu as vidas de outros irmãos, Kathleen e Charlie. Henry, para salvar Sam, que tem leucemia, faz a difícil escolha de entregar Charlie para os inimigos. A traição foi como conseguiu remédios para Sam, mas Charlie é morto, levando a Kathleen a uma sangrenta busca por vingança. Como em todo conteúdo desse gênero, a dura pergunta do que se faz para sobreviver e salvar quem amamos? E pior: vale a pena tentar?
Não há certo ou errado, há apenas muita desolação. Um episódio curto mais importante para a virada da relação entre Joel e Ellie, estar em Kansas nunca foi tão apavorante desde que Dorothy foi pega pelo tufão em O Mágico de Oz. Pena que bater os pés não muda nada, o pesadelo é mesmo a realidade.

Não sei se amei mais o ep 3 ou 5. Incrível como a série é sobre zumbir, mas no fim é apenas sobre pessoas. RIP Sam, queria um tempinho a mais com esses personagens =(
CurtirCurtir
Os dois são muito tocantes. O três fala da esperança, amor e aceitação em tempos caóticos e finitos. Como em meio à destruição duas almas se encontraram e foram felizes, no caso do Bill então, como não tinha sido nem mesmo com o mundo “normal”. Dá esperança. O 5 rompe com essa positividade. Henry entrega um amigo para salvar o irmão, promove a reação da irmã de Charlie que perdeu alguém para talvez salvar outro e, no final das contas, parece ter sido em vão. Desolador. Em tempos apocalípticos, tentar salvar uma vida pode ser inútil, pode ser cruel e pode ser empático ao mesmo tempo. Uma profundidade assustadora!
CurtirCurtir