Muitas comparações entre Quase Famosos e Daisy Jones e os Seis têm sido feitas e quase todas são obvias. Em 2000, quando lançou o filme autobiográfico no qual relembrava como acompanhou a maior banda de rock dos anos 1970s – Led Zepellin – para fazer uma matéria para a Rolling Stone, Cameron Crowe acertou na mão e ganhou um Oscar de Melhor Roteiro Original. Daisy Jones, que nasceu de uma imagem da autora do livro sobre a banda Fleetwood Mac, que seria contemporânea da Stillwater (banda do filme Quase Famosos), com problemas semelhantes.

Além do romance entre Daisy Jones e Billy Dunne tentar captar a energia da relação entre Stevie Nicks e Lindsey Buckingham, a personagem tem um consumo de drogas semelhante ao que se alega à Stevie, abertamente dependente química, embora pegue emprestado o visual, o gestual e a voz de Florence Welch, do Florence + the Machine. Mas a imagem de uma cantora livre, viciada e atormentada não é novidade na TV ou no cinema. Um dos melhores filmes sobre os bastidores da música e o efeito na vida de uma pessoa fragilizada rendeu um lindo filme, A Rosa, que tinha uma Bette Midler inspirada no papel principal.
Indicado a 4 Oscars, incluindo Melhor Atriz (Midler) – que perdeu para Sally Field em Norma Rae– e Ator Coadjuvante (Frederick Forrest) tem uma atuação visceral e icônica de Bette. Era um projeto oferecido para Ken Russell (que preferiu dirigir Valentino, com Rudolf Nureyev), filmado em 1978 e lançado em 1979, a menos de 10 anos da da morte de Janis Joplin, cuja história é obviamente a inspiração do filme. Tanto que A Rosa originalmente iria se chamar Pearl (apelido de Janis e o título de seu último álbum), mas a família da cantora conseguiu proibir.


O filme mostra a história de uma estrela do rock autodestrutiva, Mary Rose Foster (Bette Midler) que luta para lidar com as pressões de sua carreira, alcoolismo, dependência química e as cobranças de seu empresário ganancioso, Rudge Campbell (Alan Bates). Exausta, insegura e mal assessorada, Rose entra em um espiral trágico e triste, que culmina em uma apresentação emocionante e definitiva. Muito parecido com o que estamos vendo na série da Amazon Prime Video, com uma grande atuação de Riley Keough.
Embora clichê, A Rosa e Daisy Jones refletem como o universo da música é complexo para as mulheres, especialmente há mais de 50 anos. Até hoje a história de Janis Joplin não foi retratada oficialmente e em Quase Famosos, é a groupie Penny Lane (Kate Hudson) que quase tem uma overdose (a atriz foi indicada ao Oscar como Atriz Coadjuvante).
