Falei! Faaaaaalei que Keeley (Juno Temple) estava dando um super tropeço em engatar um namoro com sua chefe, Jack (Jodi Balfour) e que a chata da Barbara (Katy Wix) não ia deixar passar. Quem lê Miscelana sabe o quanto eu detesto a opressora CFO. A sorte de Keeley é que faltam apenas três episódios então a dor de cabeça deve ser leve. Estou dizendo isso porque embora o episódio “pós-Amsterdam” tenha sido um dos raros onde o futebol dominou a narrativa, claro que estamos em Ted Lasso e tudo é também uma metáfora para a vida. O “futebol total” trabalha com a geometria e triângulos e todos os triângulos amorosos desfilaram na nossa frente, usando a tática esportiva para alertar ensinamentos fora do campo.

Vamos logo começar com Keeley, que comete o erro de emendar relações amorosas para esquecer a anterior, em geral, mesclando trabalho também. Nas duas primeiras temporadas as jogadas eram entre Jamie Tartt (Phil Dunster) e Roy Kent (Brett Goldstein), depois entre ela Roy e a professora de Phoebe e, fatalmente, entre ela, Roy e a carreira. Porque Roy e Jamie estão resolvendo o triângulo deles, Keeley também acha que não há triângulo entre ela e Jack, mas se engana.
Ficou forçado as comparações de Rebecca (Hannah Waddingham) entre Jack e Rupert (Anthony Head), pois eu sou inocente mas acredito nas intenções de Jack. O que também fica claro é que Jack tem um lado de Roy que Keeley detestava: sufocar a parceira. Sabe a atenção que beira stalking? Saber onde Keeley está jantando com Rebecca e pagando a conta, enchendo o escritório de flores, etc. “Nem tudo que reluz é ouro”, alerta Rebecca. O melhor conselho no entanto foi o de “não ignore o seu instinto”. Keeley está se auto sabotando emocionalmente e profissionalmente e está claro para mim que o final feliz para ela será não estar namorando ninguém. Pelo menos até ela resolver sua auto estima.
Se Keeley soubesse de estratégia veria que no caso dela o ‘futebol total’ é importante: precisa manter a posse da bola – sua carreira e individualidade -; dominar a movimentação – como ela fez, se impondo à sua equipe -; e finalmente, o que não fez ainda, trocar posições que seria evitar misturar as estações de trabalho e amor. Assim aproveitaria todo campo de jogo. Torço por Keeley.

A visita do pai de Sam Obisanya (Toheeb Jimoh), Ola (Nonso Anozie) lembra do triângulo entre o jogador, Rebecca e Simi (Precious Mustapha) e nos alerta que há sim algo entre Sam e Simi. Ola é a bússola moral de Sam e, assim como Simi, o encoraja a abraçar discussões mais pertinentes do mundo: meio-ambiente, racismo, xenofobia, etc. No coração, Sam pode ser jovem mas é bem maduro para lidar com os relacionamentos. E por se meter em política, é alvo da extrema-direita que destrói o Ola’s justamente quando ele ia receber seu pai. O AFC Richmond já é mais do que um time, é uma família, e ele consegue superar o obstáculo com carinho, amor e apoio. Em inglês, o conselho de Ola de “não revide, lute em frente” (“Don’t fight back. Fight forward.”) tem maior sentido no paralelo futebolístico e é bem emocionante ainda assim.
Para nós torcedores de #tedbecca, a trolagem segue mantendo os dois afastados. Ainda me incomoda que com todos os fracassos do time, considerando que ela queria tanto evitar a humilhação diante de Rupert, Rebecca ainda esteja agindo como uma adolescente, contando da noite “mágica” que teve com o holandês desconhecido e não endereçando as coisas mais práticas que vão alterar sua vida em um futuro próximo. E é, claro, outro triângulo! Sem Sam, Ted agora tem a sombra de uma noite com um desconhecido para atrapalhar sua estratégia. Acreditamos em você, Ted!


Nada sobre o segredo de Colin (Billy Harris) mereceu destaque, Roy e Jamie estão bem e aliás, Jamie é efetivamente OUTRA pessoa completamente. Duas das missões originais de Ted foram alcançadas, falta salvar o time do rebaixamento. Ele alerta mais uma vez que sua estadia em Londres é passageira quando os fãs reclamam de sua pífia atuação profissional. “O time é deles, só estamos com ele emprestado”, comenta. Pode ser praticidade, mas explica em parte a falta de aparente comprometimento.
Não faço a menor questão de ver um Nate (Nick Mohammed) conseguindo o que quer. Sou rancorosa e não estou pronta para perdoá-lo. Ter conseguido a namorada que sempre sonhou foi mais uma vitória, pelo que vimos no jantar em família o pai já está melhor com ele só resta ver como Rupert vai tratá-lo quando perceber que ainda não o corrompeu completamente. Lembro do trailer no qual veremos Henry (Gus Turner), com Ted, na arquibancada torcendo por um constrangido Nate. Certamente a final do campeonato, mas ver Ted fora de campo nos sinaliza que 1) AFC Richmond não deve estar lá ou 2) O AFC Richmond terá outro técnico. Falta pouco para descobrir a resposta.

O episódio The Strings That Bind Us é mais uma dica dos roteiristas que nada está solto, a conexão será feita. Os laços, que são usados para ensinar a tática de Johan Cruyff onde os jogadores estão por perto para cobrir um ao outro, mas distantes o suficiente para que criem jogadas, ganha outra perspectiva quando é o que todos personagens precisam adotar em suas vidas pessoais. Roy é o mais brilhante para encurtar a mensagem: o laço dos jogadores é feito no pênis, não no dedo mindinho. O pânico deles gera uma das sequências mais engraçadas e incômodas, mas funciona. Ainda bem porque a proposta do ex-jogador era a de amarrar todos a um único jogador, que claro seria Jamie. Seremos poupados.
Enfatizando a interconexão como a senha que vai ajudar a todos veio por um empolgado Trent Crimm (James Vance), que aposta que a estratégia vai funcionar. O episódio pode ter parecido parado, meio obvio e até longo demais, mas, como sempre, acredito em Ted Lasso!