Há pouco mais de 30 dias, comentei aqui em Miscelana sobre o desafio de The Crown de encerrar sua narrativa sob a enorme pressão do drama atual da Família Real britânica. A divulgação das imagens oficiais de Kate Middleton e Príncipe William, descritos como “o futuro da Coroa”, é esfregar com sal uma ferida aberta e muito pública, graças à missão pessoal de Harry, o reserva de “expor sua verdade”, que na verdade é destruir a reputação de seu pai, sua madrasta, seu irmão e sua cunhada, todos à sua frente na ordem sucessória. Harry aparece na série, mas sem destaque. A sexta temporada encerra com o Jubileu de Ouro da Rainha e o início do relacionamento dos futuros Príncipe e Princesa de Gales. Ou seja, no auge da popularidade de ambos.
Elevando a estratégia de sua mãe, Princesa Diana, a um patamar jamais imaginado antes, elevando ou rebaixando, não é fácil identificar com clareza, o que Harry e Meghan Markle efetivamente conseguiram foi transformar um dos maiores sucessos da história da Netflix em um conteúdo distante, complexo e questionado. Por sorte, a série sempre avisou que terminaria pelo menos 20 anos antes dos tempos atuais, uma sorte – ou azar – para o showrunner, Peter Morgan.


As fontes para o roteiro agora são confrontadas. Na 5ª temporada, claramente The Crown tomou as palavras de Diana, publicadas no livro de Andrew Morton, à frente de outros relatos, mesmo que não tenha sido 100% apático em relação à críticas à ela. A temporada final começou a rodar antes da publicação do livro de Harry, ou o doc-reality dele com Meghan, da mesma Netflix, portanto ainda não sabemos quais aspectos de sua versão estarão na tela. O que sabemos de certo? Que vai desagradar os dois lados.
A um pouco mais de duas semanas da Coroação de Charles como Rei, é de se lamentar o longo hiato entre as temporadas e que The Crown tenha tido uma vida “maior” do que esperado. Quando foi lançada, parecia que estaria no ar à tempo do Jubileu de Platina de Elizabeth II, não depois. Com a morte da Rainha em 2022, o drama que interessa ao público é justamente o rompimento dos irmãos que fantasiosamente imaginamos inseparáveis. O futuro da Coroa? Parece provocação para novas revelações. Uma novela real desgastante e inesperada. Conteúdo mais curioso do que qualquer dilema de Lilibet.
As gravações terminaram há uma semana, portanto podemos esperar uma estreia no segundo semestre. Ed McVey e Meg Bellamy estão como as grandes apostas da temporada final como o futuro príncipe e princesa de Gales. Uma pressão incrível!