A história do Palácio de Kew, o local associado à loucura do Rei George

Sabia que é possível visitar os palácios onde a história de Rainha Charlotte acontece? Sim! A “vantagem” da estabilidade da monarquia britânica é que muitos dos palácios e residências que foram cenário de momentos importantes da História ainda estão de pé e bem conservados, muitos com horários programados para visitação pública. Um endereço que, em geral, os estrangeiros não ligavam muito é justamente o ‘principal’ cenário da série da Netflix: o Palácio de Kew.

O palácio, os jardins e o chalé da Rainha Charlotte ficam dentro do Kew Gardens, perto do rio Tâmisa e onde também fica o Jardim Botânico, fundado pela Rainha. A área de hoje é comparativamente reduzida com a que eles viveram, mas ainda é de tirar o fôlego.

A ligação do Palácio de Kew e a monarquia vem do período dos Tudors, segundo historiadores. O terreno era da família Dudley, foi comprado por John Dudley e restaurado para seu filho, Robert Dudley, 1º Conde de Leicester. Para quem esqueceu, uma lembrança: Robert Dudley foi o amor da vida de Elizabeth I, seu amigo de infância e principal confidente até sua morte. Como a localização de Kew é perto do Palácio de Richmond (uma das principais residências da Rainha durante o verão), era conveniente para os dois. Dizem que o prédio original foi construído segundo o modelo de uma casa onde os supostos amantes tinham ficado juntos, em 1563. Romântico!

Seja como for, em 1619, Kew foi demolido por Samuel Fortrey, que ergueu em seu lugar uma nova mansão em estilo holandês (o palácio também é conhecido como Casa Holandesa), conforme a moda da época. A partir de 1727, a rainha Caroline e o rei George II passaram a usar a casa, para “desafogar” a residência de verão em Richmond Lodge, onde os monarcas viviam com seus seis filhos. A rainha achou que Kew era perfeito para suas três filhas mais velhas. Logo o local ganhou o apelido de “Casa da Rainha”.

Os jardins e o palácio passaram por remodelagens ao longo do tempo e para George III parecia ser o mais marcante. Isso porque Seus pais, príncipe Frederick e princesa Augusta, estavam vivendo em Kew quando Frederick passou a supervisionar pessoalmente a reforma dos jardins. Desconfiam que por ter ficado exposto ao tempo úmido e frio, pegou um resfriado que, combinado com uma embolia pulmonar, foi fatal. Mesmo viúva, a princesa Augusta continuou morando ali com seus filhos e George III passou a infância em Kew, onde estudou e viveu até ascender ao trono. Não é surpresa que o Palácio tenha entrado definitivamente associado à loucura do Rei George III porque foi em Kew que o monarca buscou refúgio quando adoeceu.

Assim como em na série Rainha Charlotte, George adorava Kew justamente por ser um dos menores palácios da Inglaterra, o que o efetivamente transforma em uma casa mais aconchegante. O declínio da saúde mental do monarca é tipicamente dividido em três períodos de surtos, antes do final, em 1810, do qual não se recuperou. É então “o primeiro surto” que ganha maior destaque na narrativa, mas a série não inclui o fato de que nos outro surtos, eventualmente o Rei ficava agressivo e – para proteger Charlotte – eles ficavam próximos, porém separados. Ele ficava no andar de baixo e ela no superior do palácio. Os tratamentos – duros e ineficazes – são como os mostrados na série, sendo que ele chegou a ser colocado em uma camisa de força quando se recusou a cooperar.

Para quem curtiu a série da Netflix, há mais ligações com o Palácio de Kew. Foi ali que a Rainha Charlotte criou a “corrida do bebê”, que está em Rainha Charlotte, que foi quando pressionou seus filhos a produzirem herdeiros para Coroa. Foi em Kew que seus filhos se casaram com as princesas escolhidas por ela, Adelaide de Saxe-Meiningen e Vitória de Saxe-Coburg, em julho de 1818. Edward, duque de Kent e sua duquesa Vitória venceram a ‘corrida de bebês’ com o nascimento de sua filha, nove meses após o casamento. Mas, paralelamente, com o que veio a ser o ‘surto final’ de George III, a família real deixou de visitar Kew, provavelmente por conta das memórias tristes. E ficaria ainda mais emocionante.

Quando não voltou mais à razão, George III ficou confinado em Windsor. mas quando Charlotte adoeceu durante uma viagem entre Londres e Windsor, foi em Kew, que ela decidiu passar alguns dias para se recuperar. No entanto, sua saúde nunca melhorou e e ela ficou em Kew até sua morte, em novembro de 1818. Isso mesmo, a história de Charlotte está intimamente ligada ao Palácio de Kew. O site oficial diz que “a última lembrança duradoura para o povo de Kew foi a lenta procissão de seu caixão saindo do palácio, levando-a de volta a Windsor para o enterro”, onde esconderam do Rei a notícia, pois era apaixonado pela esposa e sofreria ainda mais sabendo de sua partida.

Com o falecimento de George III dois anos depois da Rainha Charlotte, o Palácio de Kew foi caindo no desuso da Família Real. Ele permaneceu aberto ao público até 1996, quando um grande projeto de restauração começou. Com a obra pronta, foi ali que comemoraram o aniversário de 80 anos de Elizabeth II, em 206, quando foi reaberto como atração turística. Sem dúvida o interesse geral será renovado pelo endereço.

Os ingressos estão por volta dos 45 reais e as visitas são diárias, entre 11 e 16h. Kew fica a 15 minutos de Londres e é possível ir de metrô ou de carro. Maiores informações no site do palácio clicando aqui.

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