No universo de Game of Thrones e House of the Dragon a competição mais acirrada é entre os antagonistas. Em um universo de moral cinzenta, os “vilões” defendem violência, traições e assassinatos com facilidade, mas nem todos têm o amor dos fãs. É o caso agora de Daemon Targaryen (Matt Smith) e Aemond Targaryen (Ewan Mitchell) – tio e sobrinho – com muito em comum, mas em lados opostos.

Eles são os spares, os substitutos, que só terão propósito na vida caso o irmão mais velho morra. Essa função secundária ganha maior dificuldade se os príncipes têm personalidade, habilidade e ambições, o que é o caso tanto de Aemond como de Daemon. “Aemond idolatra Daemon” admite Ewan. E por que não se entendem? É que para Aemond ficar perto do poder é melhor que seu irmão, Aegon, seja rei. Senão ele seria o oitavo na sucessão e para Daemon, casado com a Rainha, nada melhor do que Rhaenyra (Emma D’Arcy) no trono.

Matt Smith já era conhecido do grande público antes de House of the Dragon, mas Ewan Mitchell, não. Coadjuvante em filmes independentes e na série The Last Kingdom, mesmo com poucas cenas como “Aemond adulto” – são apenas 3 episódios com ele – colocou o público no bolso e foi embora. Sem muito como descobrir sobre ele, a entrevista com a The Face é uma boa fonte.

Falam do andar de Ewan, que foi determinante para o papel como para a série, onde há uma confiança e displicência que fazem de Aemond ainda mais assustador. Diferentemente do livro, o príncipe acidentalmente mata seu sobrinho Lucerys, que tinha arrancado um dos seus olhos anos antes. Igualmente ao livro, esse assassinato desencadeia a guerra civil entre os Targaryens, ou, como ele diz, “a guerra total”.

Há muito do que se especula entre Reddit e outras fontes, a de que Aemond é efetivamente o pai dos filhos tidos como os de seu irmão, Aegon, com um relacionamento escondido com a irmã dos dois, Helaena. Pode ser que já na segunda temporada, Aemond comece seu tempo como regente de Westeros, o que claramente é ainda pior para Rhaenyra. Também será a temporada na qual vai conhecer e se apaixonar por Allys Rivers. Ou seja, teremos MUITO de Ewan na segunda temporada, algo que podemos celebrar.

Abaixo, alguns pontos da entrevista.

• Seu apelido é The Iceberg. Seu ar misterioso na série é parecido nos bastidores, fala e bebe pouco. “Meus amigos me chamam assim porque sou visto como legal e controlado. Eu não mostro muito. Estou apenas flutuando ao longo dos mares”, comentou.
• Estreou como ator em 2015, direto da escola, em séries de TV na Inglaterra. “Adoro todos os aspectos do negócio”, diz na entrevista. “Eu amo atuar. Minha lembrança mais antiga era querer ser ator. Sempre penso naquela frase de GoodFellas: ‘Desde que me lembro, queria ser um gângster.’ Atuar para mim era essa coisa.”
• “Para o andar de Aemond, havia algo que eu achava interessante sobre os ícones de terror dos anos 80”, explicou sorrindo. “Não importa o quão devagar eles andem, eles sempre alcançam Jamie Lee Curtis. Há algo na fisicalidade de Freddy [Krueger], Michael Myers, Jeepers Creepers.” E também alude que o “casaco longo e grande” de Aemond é como se fosse o bicho-papão.
• Para Ewan, o lado shakesperiano de Aemond também é forte. “Shakespeare disse que os olhos são as janelas da alma. Então, o que significa ter apenas um deles? Como você compensa? É através da fisicalidade? De qualquer maneira, Aemond é um caldeirão de emoções que só porque ele está sorrindo não significa que ele está feliz. Ele está pronto para partir a qualquer minuto”, avalia.
• Se vestir de preto, uma das cores da Casa Targaryen e não o Verde dos Hightowers veio de uma inspiração em Johnny Cash, que dizia vestir essa cor “representa os pobres e oprimidos. E é isso que Aemond é”, comenta.
• Ewan decidiu que Aemond evitaria sempre encarar o tio, Daemon, mesmo olhar para ele, e combinou isso com Ryan Condal, o showrunner. “Porque há esse momento no episódio oito em que temos aquele intenso olhar fixo. Achei que havia algo em experimentar e guardar aquele momento para então. Aemond idolatra Daemon, e esta é a primeira vez que ele faz qualquer tipo de contato com ele. A árvore genealógica deles é na verdade um círculo!” , brincou. Interessante para voltarmos a compará-los!

• Sobre sua família e origem falou pouco: quer manter o mistério.
• Assiste um filme por dia, seguindo o conselho que leu de Tom Cruise em uma entrevista. “Eu tento assistir a um filme por dia. Ou um programa de TV. Eu assisto a um filme e sinto que não posso [ajudar, mas] ser um ator melhor do outro lado, de uma maneira estranha, [em termos de] o que posso tirar disso. Mesmo que seja um filme ruim, posso descobrir e aprender o que não fazer na tela.”
• Além de House of the Dragon será visto ano que vem no filme Saltburn, de Emmeralfld Fennell, uma “história de obsessão e identidade. E encontrar a própria identidade nessa obsessão. Eu interpreto um personagem chamado Michael Gavy. Ele é todo sobre equações e barras crocantes. Isso é tudo o que direi!”
• Sobre a segunda temporada de House of the Dragon? “Sem comentários”, ele disse. “”Receio que a HBO detone essa carga na minha cabeça se eu disser algo remotamente spoiler, mas fiquem atentos. O melhor está por vir.”